Dor e Nocicepção: O que ninguém contou sobre a sua dor.
Você sabia que sentir dor nem sempre significa que há algo errado no seu corpo? Descubra a diferença entre dor e nocicepção e entenda por que sua dor pode persistir mesmo sem lesão!
Introdução
O estudo da dor está evoluindo, e por isso é importante revisar os conceitos básicos sobre o tema, especialmente as definições de dor e nocicepção.
Muitas vezes ouvimos termos como "fibra de dor", "neurônio de dor" e "via de dor", o que pode gerar confusão sobre a relação entre dor e nocicepção.
Essa confusão pode afetar tanto os profissionais da saúde quanto você paciente.
O que é dor?
A Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP) definiu dor, em 2020, da seguinte forma:
"Uma experiência sensorial e emocional desagradável associada ou semelhante àquela associada a danos teciduais reais ou potenciais."
Isso significa que a dor não é apenas um sinal físico, mas também envolve emoções e percepções. Como qualquer experiência, ela é subjetiva e depende da consciência e da interpretação do contexto. Nem sempre um estímulo nocivo causa dor, pois o cérebro avalia a situação antes de produzir essa sensação.
O que é nocicepção?
Agora, o que é nocicepção? A IASP define como:
"O processo neural de codificação de estímulos nocivos."
Ou seja, a nocicepção é a detecção de estímulos que podem causar dano ao corpo. Esse sistema funciona o tempo todo, mas não sentimos dor constantemente. A dor aparece quando a nocicepção falha em proteger o corpo adequadamente.
Em condições normais, a nocicepção age de forma inconsciente para evitar lesões, ajustando nossos movimentos e posturas sem que precisemos pensar nisso.
E a dor crônica?
A dor crônica é aquela que dura ou se repete por mais de três meses.
Normalmente, a dor tem um papel de proteção, ajudando o corpo a evitar danos. No entanto, quando se torna crônica, ela pode perder essa função. Isso significa que o corpo já está seguro, sem lesão ou ameaça, mas a dor continua.
Esse tipo de dor pode ser visto como uma desregulação do sistema nervoso, pois ela persiste mesmo quando não há necessidade de proteção.
Por outro lado, é importante diferenciar a dor de expressões como "dor da separação", "dor da saudade" ou "dor empática". Esses termos descrevem sentimentos e não se encaixam na definição oficial de dor.
Podendo mais atrapalhar do que ajudar no tratamento da dor.
Resumindo
Saber a diferença entre dor e nocicepção é essencial tanto para profissionais da saúde quanto para o paciente.
Enquanto a nocicepção funciona como um sistema de alerta para possíveis danos ao corpo, a dor é uma experiência complexa que envolve não apenas sinais físicos, mas também aspectos emocionais e cognitivos.
A dor crônica, por sua vez, representa um desafio maior, pois pode persistir mesmo sem uma lesão real, afetando a qualidade de vida das pessoas e exigindo uma abordagem cuidadosa para seu manejo.
Ao esclarecer esses conceitos, podemos evitar confusões, melhorar a comunicação sobre dor e, principalmente, buscar estratégias mais eficazes para aliviar o sofrimento daqueles que convivem com essa condição.
Entender a dor é o primeiro passo para tratá-la da melhor forma possível.
Que interessante! Trabalho com pessoas autistas, que possuem muitas alterações de processamento sensorial, muitos dos seus comportamentos (e crises) não são compreendidos. Sabia sobre a propriocepcão, mas nunca tinha ouvido falar sobre a nocicepção. Obrigada pelo conteúdo relevantes 🙏🏼